sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Cisne Negro que existe dentro de todas nós.



Já que amanhã é o Oscar, aí vai um post sobre meu filme favorito para a disputa.

Por que escondemos sempre o nosso lado obscuro? Por que reprimimos nosso lado sombrio? Quando alcançamos a perfeição? São esses os questionamentos que o excelente filme Cisne Negro traz a tona.

Nina (Natalie Portman) é uma bailarina que deseja o papel principal na montagem de O Lago dos Cisnes, para conquistar seu objetivo deve enfrentar o mundo competitivo do balé e mergulhar no lado mais sombrio de sua alma.

No entanto, conquistar o papel de protagonista é só o início de seu grande desafio, a bailarina precisa bailar com paixão para isso necessita enfrentar tabus internos, encarando de frente os labirintos ainda desconhecidos de sua mente.

O primeiro desafio é o familiar, Nina recebeu uma educação conservadora e repressora, sua mãe lhe tratava como uma princesa, uma menininha encastelada num quarto cor de rosa com vários bichinhos de pelúcia e, é claro, muitas bailarinas de caixinhas de música. Neste sentido acho que o filme fala diretamente ao nosso lado feminino, quem de nós nunca foi tratada como uma garotinha por nossos pais e familiares? Nossa sociedade ainda machista espera de uma mulher um comportamento de Cinderela e não de uma mulher sincera consigo mesma que respeita os seus sentimentos e desejos.

Aos poucos Nina percebe que para enfrentar o mundo competitivo do balé deve romper o castelo de contos de fadas que vive, no entanto, isso não é tão fácil assim, na medida que quebra os tijolos pesados de seu castelo seu estado mental também é corroído. Alucinações, distúrbios alimentares, automutilação e uma sexualidade reprimida são problemas que a personagem necessita enfrentar.

Um outro aspecto de sua personalidade se aflora. A menina deixa de ser a garotinha da mamãe e transforma-se em mulher, a inocência é abandonada e ela briga com ela mesma. O lado obscuro, negro que todos nós possuímos e lutamos para esconder.

Por levantar essas questões o filme Cisne Negro merece ser assistido. Algumas cenas são especiais; as sequências de balé (como uma bailarina frustrada eu adoro), os sinais e as dores no corpo sofridas pela protagonista, os efeitos visuais muito bem utilizados pela direção e finalmente, o balé final, a cisne-mulher.

Interessante perceber que Nina só alcança a perfeição quando expõe o seu lado negro, imperfeito e sombrio. Mostrando que perfeição e imperfeição são dois lados da mesma moeda. Ser humano é também ser imperfeito, incompleto. Talvez a perfeição esteja justamente na sua busca, busca essa nunca alcançada, mas sempre desejada.


Mariana (não tão louca como Nina, mas entrando em contato com seu Cisne Negro interior).

5 comentários:

  1. Muitíssimo bem escrito o post Mari, parabéns!

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  2. Obrigada, Rodrigo, vc sempre muito gentil. Como nosso leitor mais assíduo ainda vou lhe encomendar um post para o blog.

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  3. Eu acho uma idéia muito boa! Voto para o Rodrigo escrever um post para o nosso blog!

    E Mari, tenho que concordar com ele - o post foi realmente muito bem escrito. Já que o Oscar não foi para o filme, quem sabe você não ganha um Pulitzer... :P

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  4. Pulitzer???? Amiga eu te adoro, mas nem tanto, não precisa exagerar. Espero que vc já tenha visto o filme!
    Vamos animar o Rodrigo para ele escrever um post para a gente, pergunta a ele sobre o que ele gostaria de escrever num blog "mulherzinha".
    Quando o texto estiver pronto vc escreve uma introdução, apresenta o autor e a gente comenta, o que vc acha?

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  5. Só deu a fantasia do Cisne Negro nos blocos de carnaval, muito legal, queria tanto me fantasiar assim...

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