domingo, 31 de outubro de 2010

FRASE DA SEMANA


"Porque as mulheres perceberam que não vale
a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça."
(Arnaldo Jabor)


Jacqueline


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ode ao Gato (Pablo Neruda).




Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, vôo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa só
como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa
de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogara as moedas da noite
Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
certamente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertence
ao habitante menos misterioso,
talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gatos, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos
do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica,
o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.

Uma homenagem das "gatas" do blog "Doces, Sexo e Histórias" aos nossos gatos de quatro patas!

PS: Imagem do post; "Le Chat Noir" de Henri Toulouse-Lautrec.

Mariana

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Comer Rezar Amar!!!! Ah, como eu queria ser a Elizabeth Gilbert...





No mesmo dia da estréia assisti ao filme “Comer Rezar Amar”, confesso que não li o livro (sempre fiquei com a ideia de ser mais um chato auto-ajuda), mas a história é bem interessante ou pelo menos serve para distrair numa sexta-feira chuvosa.

O roteiro é bem conhecido, uma americana, Elizabeth Gilbert (Julia Roberts), entediada por ser rica, bem-sucedida e ter um marido bonitão e apaixonado resolve abandonar tudo em busca do prazer perdido. Não entendo muito bem esta parte, o filme pinta uma protagonista como uma sofredora, mas isso é sofrimento?! Enfim, continuando, ela resolve viajar pelo mundo em busca de uma aventura. O roteiro; Itália, Índia e Bali.

Chegando à Itália Elizabeth experimenta a maravilhosa comida italiana. A essa altura do campeonato já foi me dando uma água na boca, tanto que quando acabou o filme fugi direto para o Spoleto comer uma “pasta” (tudo bem, não é exatamente um bom exemplo de cozinha italiana, mas deu para enganar o estômago, com um pouco mais de abstração e criatividade dava para até se imaginar na Itália, quem não tem cão caça com gato, oras!). Na Índia sua missão era rezar (parte mais chata do filme, será que é necessário sofrer tanto para alcançar a espiritualidade?). Em Bali encontra o antigo e desdentado guru, e, finalmente, ama o “tudo de bom” brasileiro Felipe (Javier Bardem).

Apesar de um pouco extenso e em alguns momentos tedioso demais “Comer Rezar Amar” é um ótimo entretenimento. Não espere uma visão do tipo “National Geographic” dos países que a protagonista visita, o filme se rende a todos os estereótipos possíveis dos tipos italianos, indianos e brasileiro. Mas, afinal, é ficção e não um documentário. Mesmo assim, “Comer Rezar Amar” tem bons momentos, as paisagens são lindas, desde dos países que visita como também dos homens que encontra, ai, ai, Javier Bardem... Aliais, por falar em Javier Bardem, mesmo falando um português “macarrônico” (trocadilho infame, já que estamos falando de cozinha italiana) ele é o melhor do filme, um charme. A trilha sonora é um show à parte, bom ouvir numa produção americana bossa nova cantada por pai e filha, João Gilberto e Bebel Gilberto.

Outra grande vantagem do filme é usar a protagonista como inspiração. Comer eu já fiz, fui ao Spoleto, apesar de ser agnóstica quando dormir vou rezar agora só vai ficar faltando acordar com um bonitão como o Javier Bardem, quem sabe, milagres acontecem.

Ao final, fiquei com a sensação que a protagonista da história aproveitou o melhor do trinômio comer, rezar e amar; comeu comida italiana, rezou no modelo indiano e finalmente, amou um brasileiro! Esperta essa Elizabeth Gilbert, não?!




Mariana